MORTE
Diante da morte, o Guarani tem 3
atitudes: um grande medo dos falecidos, uma conformidade perante a morte e um profundo
desejo de chegar à Terra sem males. Esse medo da morte, que ao mesmo tempo se
mistura a um desejo de alcançá-la, pode parecer contraditório, mas o é, apenas
aparente. O medo que tem, não é da morte, mas do falecido, ou melhor, da alma
que saiu do corpo, a anguêry.
Segundo o Guarani, temos 3 almas: a
nhe’enguê ou nhe’em, a alma boa, espiritual, que vai para o Além quando a
pessoa morre, não afetando os vivos; a anguêry, a alma animal, responsável
pelas más inclinações e que fica na Terra por um tempo depois da morte,
assombrando os vivos; a avyu-kuê, a sombra, uma cópia imperfeita da pessoa,
permanecendo nos ares e não incomodando ninguém. A doença é a ausência temporária
da nhe’em, da alma boa. A morte é a saída definitiva dessa alma. O sonho é a
saída nhe’em para esse outro mundo.
Por isso, os sonhos têm tanta
credibilidade, pois são como a mensagem que a alma recebeu dos outros
espíritos. Após a morte, a alma boa sai imediatamente, enquanto a alma animal
fica vagando próximo ao cemitério por longo tempo, podendo causar mal as
pessoas. Por isso, os cemitérios e as antigas aldeias, onde há pessoas
enterradas, devem ser evitados, pois são locais onde esses espíritos estão
presentes. O lugar onde ocorreu uma morte súbita ou violenta é temido, porque o
nhe’em do falecido fica vagando por ali, pois não teve tempo para se preparar
para sair do corpo.
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