FONTE: Infâncias e leituras (ITAÚ).
Leitura na primeira infância
"Uma história que retorna repetidas vezes como um visitante privilegiado também faz sentir que estamos plenamente em casa, no lugar familiar e seguro onde podemos dominar o mundo e suas inconsistências. O que volta não é apenas uma história interessante, é também a continuidade da experiência que é a continuidade do ser e das vozes amadas, o regaço poético." (María Emilia López)
Ler, um ato de amor
Crianças pequenas dificilmente ficam quietas prestando atenção na leitura, como muitos mediadores gostariam. Crianças se mexem, levantam, conectam-se com a história de um modo distinto, e o mediador deve ter tempo e disponibilidade para entrar nesse ritmo.
A generosidade, a paciência, o afeto, o respeito aos diferentes tempos são condições imprescindíveis para uma boa mediação com os pequenos leitores. Preparar-se para este desafio significa ter claras as expectativas.
O contato com o livro e a prática da leitura são aprendizados que requerem tempo e muita dedicação, entrega e disponibilidade da parte dos mediadores.
Uma vez, e mais uma...
Quem nunca viveu a experiência de ter que contar inúmeras vezes a mesma história, ler o mesmo livro, ver o mesmo filme?
As crianças, os leitores na primeira infância, têm as suas idiossincrasias, suas manias, suas necessidades.
Aproximar-se delas é fundamental e levá-las em conta é decisivo para estabelecer a relação de troca que a mediação sempre supõe.
O ponto de partida é estar aberto para uma escuta generosa, para uma observação do leitor que temos diante de nós e que, como vimos, é um leitor diverso, único.
Lendo junto com muito afeto
A proximidade da criança com o adulto mediador, que dedica um tempo de exclusiva atenção, é extremamente valorizada por ela. Isso é essencial para que a leitura se torne parte da vida. Trata-se de um processo de formação que leva tempo e que, hoje em dia, divide o terreno com muitos outros estímulos. Ter clareza que se trata de um processo é muito importante para planejar as ações e investir com paciência e afeto.
Gratuidade na leitura
Assim como quando as crianças assistem a um filme e não exigimos que nos contem o que entenderam ou aprenderam com a história, com os livros deve ser a mesma coisa. O que está em jogo é a fruição de uma obra de arte; a leitura não é um exercício a ser avaliado. A leitura na primeira infância pode e deve se confundir com o brincar. Não cobrar, não instrumentalizar a leitura é um passo para contagiar futuros leitores.
Liberdade do leitor
A criança deve ser livre para interagir com o livro. Pode falar, silenciar, folhear, brincar, ler de trás para frente, pular páginas, parar a leitura, criar sua própria interpretação da obra literária. Cabe ao adulto entender e procurar lidar com essas situações inesperadas.
Não adianta querer que a criança se comporte como um leitor adulto. Ela precisa ser respeitada em sua fase de desenvolvimento. As crianças são diferentes, mesmo dentro de uma mesma faixa etária. É preciso observar as pistas que elas nos dão de como desejam interagir com os livros.
A "postura" do leitor é também um aprendizado. Os mediadores são modelos de referência que, com sua postura e práticas, podem influenciar e marcar os futuros leitores.
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